O Poder de Cada Um

27/01/2011
 

“Um fantasma ronda a Europa”. Foi assim que, ainda no século XIX, Karl Marx anunciou a inevitável vitória comunista sobre o Velho Continente. Hoje, já no século XXI, a frase poderia ser adaptada para “um fantasma ronda o mundo árabe”. Entretanto, o “fantasma” atual, diferentemente do primeiro, já dominou quase todas as nações do mundo e parece ter sido incorporado definitivamente por vários países: a democracia.

 

Algumas exceções à esta maravilhosa assombração, Mauritânia, Argélia e Tunísia viveram recenetemente momentos de tensão política. Os respectivos ditadores com aspiração à eternidade simplesmente não conseguem mais esconder de suas nações o mundo como ele realmente é. Não podem mais sustentar a bolha de envolvia a imaginação das pessoas há tempos atrás, controlando a informação e os precursores de Facebooks e Twitters.

Agora é a vez do Egito do tirano Hosni Mubarak. O país, que já esteve na vanguarda do Mundo Árabe, se vê as voltas com uma revolução. O mais intrigante nos conflitos ocorridos recentemente na terra do Nilo são os protestos realizados por meio de suícidios. A partir do momento em que seres humanos preferem atear fogo aos próprios corpos a gritar empunhando cartazes, pode-se ter certeza de que a situação exige mudanças drásticas na estrutura política.

Os críticos da democracia são muitos. A eles, uma mensagem lapidar, do ex-Primeiro Ministro britânico Winston Churchill: “A democracia é a pior forma de governo, salvo todas as demais que têm sido experimentadas ao longo do tempo”.

A democracia, de fato, exige maior paciência para as transformações. No entanto, não cobra a liberdade humana em troca do progresso.

 
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As agitações democráticas têm se espalhado pelo Norte da África e pelo Oriente Médio de maneira tão rápida e intensa que me fizeram refletir sobre a “irradiação” em escala micro. Isto é, o espalhamento de emoções de pessoa para pessoa.

Cada ação humana precisa de um impulso, que é dado por uma força motriz interna. Esta força pode ser entendida como a soma de todas as emoções já vividas: intensas, breves, positivas, negativas, e assim por diante. 

Neste momento cabe a pergunta: como fazer, então, para que essa tal força esteja numa inclinação ascendente, e nos empurre rumo a conquistas positivas? Para responder, devemos fazer uma pequena reflexão. Nós conseguimos nos lembrar, talvez, de mais pessoas a quem fizemos algum mal do que a quem fizemos algum bem. Entretanto, é quase impossível nos lembrarmos de mais gente que nos fez mal em relação a gente que nos fez bem. Por “bem”, pode-se entender uma pequena ajuda despretensiosa, uma ligação telefônica, uma visita ou um simples abraço. A consciência permanente de uma realidade de soma positiva é o que pode acelerar o motor interno de cada um de nós, ficando em segundo plano o sentimento de quem agiu.

Quando esta mentalidade se consolida, temos um motor interno ascendente. E passamos a perceber e fazer o bem com maior frequência. Nos tornamos pólos irradiadores de sentimentos positivos e agradáveis. E então entramos em sintonia com outros pólos idênticos, num movimento que despreza a magnética.

A sintonia se deve à unidade desapercebida, porém existente, no mundo. É a crença que um bem realizado por alguém a outra pessoa afeta toda a humanidade, como uma pequena onda no mar.

As ações humanas, individuais ou coletivas, devem ser acompanhadas da consciência do fenômeno da irradiação. Seja espalhando a democracia e derrubando governos despóticos e pré-históricos ou apenas dizendo um “bom dia”, cada pessoa deve viver sabendo da alta carga de energia que envolve suas ações.

Irradiando...